sexta-feira, 8 de julho de 2011

A ladeira da Saudade

"Não se queixe nunca, menininha dos cabelos de noite, que Dirceu roubou-lhe o coração. O coração de Dirceu já era seu desde sempre!"





Há dias venho relembrando um livro que eu li quando ainda estava no ensino fundamental...chama-se " A ladeira da saudade" de Ganymédes José...O livro conta a história de Lília e Dirceu e faz um paralelo entre seu amor e do amor de Marília e Dirceu(de Tomás Antônio Gonzaga) que amo também; A lembrança dos amantes da Inconfidência ecoa: puro e forte é o amor revivido no cenário de hoje, revelando episódios do Brasil Colonial.
Lília é de uma família rica de São Paulo e termina o namoro com o filho chato da amiga da mãe.  A tia-avó Ninota aparece na cidade e como o clima familiar anda pesado, o pai sugere que Lília viaje com a tia para Ouro Preto. Lília vai e descobre, fascinada, uma cidade mágica. Ela conhece Dirceu, eles se envolvem e começam um namoro, em meio às descrições históricas da cidade, a narrativa conta o despertar de um amor verdadeiro no coração de uma adolescente que revive, no século 20, em Ouro Preto, um amor atormentado do Brasil do século 18.  Um amor puro, de entrega, que vence a barreira do preconceito racial. (aiai) lindo demais, então vai lá diretamente do baú das minhas memórias trechos dessa linda história...


"Estou correndo por entre montes e vales, estou sentindo brotar uma nova força em meu coração...

 Não quero que meu pastor pense por algum momento que seja... que poderei jamais deixar de gostar dele!!
O amor é uma rea lização que leva muito tempo, porque é trabalhado dia a dia. Contrário da paixão, mais explosiva, que nem sempre tem desfecho feliz...
Porque você, menina dos olhos de ônix, foi quem primeiro com as correntes do amor; Todos amam, todos amam!
Porque, Marília, fugir dessa lei tão natural?
Não fugo, Dirceu! Estou aqui agora toda sua! "


Foi então que ela viu, no palco, encostado na cortina da direita, um fantoche com a cabeça caída. Parecia adormecido. Tinha peruca branca, jaleco de veludo verde-garrafa, gravata fofa de pintas azuis, calções negros e sapatos de fivela de ouro. Atraída, Lília aproximou-se dele. Quando, porém, ia erguendo a mão para acariciá-lo, o boneco levantou a cabeça, esfregou os olhos e espreguiçou-se. Olhando para ela, declamou:
"Pintam, Marília, os poetas a um menino vendado,com uma aljava de setas,arco empunhado na mão;ligeiras asas nos ombros,o tenro corpo despido,e de Amor ou de Cupido são os nomes que lhe dão." Lília arregalou os olhos. Que linda poesia! Abriu a boca para perguntar por que o fantoche a estava recitando. O fantoche, porém, de braços abertos, continuou:
"Porém, Marília, nego,que assim seja Amor, pois ele nem é moço nem é cego,nem setas nem asas tem.Ora pois, eu vou formar-lhe um retrato mais perfeito,que ele já feriu meu peito:por isso o conheço bem." O coração de Lília batia disparado! Aquele fantoche tinha feito a poesia... para ela? [...] Com um movimento rápido, o fantoche abaixou-se e encostou os lábios no rosto d
e Lília, como se lhe roubasse um beijo...



Chafariz Marília de Dirceu - Ouro Preto -MG- Brasil.(Quero conhecer!!!!)


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